terça-feira, 18 de outubro de 2011

Como você joga RPG?

Faz um tempo que o RPG deixou de ser jogado apenas com dados, folhas de caderno e um fubento livro xerocado...

A velha e a nova guarda do Malkavianos!
Foi numa conversa despretensiosa, num domingo de sol, a velha guarda do RPG trocando ideia com a galera mais nova que um assunto se tornou a “pauta do dia”: a tecnologia estaria acabando aos poucos com o RPG de mesa?
 Tudo está destinado a evoluir, como já dizia Darwin essa é a lei, quem não se adapta, quem não se molda as novas condições está fadado a desaparecer. Com o RPG não poderia ser diferente. Lembrei junto com a pessoal da mesa do tempo em que eu comecei a jogar. Meados de 2001. Sempre gostei de fantasia medieval e olhava curioso para as revistas da Dragão Brasil na mais importante livraria da cidade, a “Mania de Ler”, comprei a revista Tormenta pela primeira vez lá, depois que um amigo tinha me apresentado o hobby “Para de gastar teu dinheiro com estas revistas menino” dizia portuguesa dona da banca, eu nem ligava.

A gente lutava contra esses Orcs!
Folhas e folhas de papel, canseira nos dedos, desenhos de mapas, idas ao shopping só para consultar os livros, já que internet ainda era uma coisa que estava no começo e o meu grupo não tinha acesso. Vida de RPGista não era fácil, mas era gratificante. A gente criava o personagem com toda a dedicação e inspiração primária que só um iniciante consegue ter, se aventurava jogando dados que nunca tínhamos jogado antes explorando aquilo que seria clichê 10 anos mais tarde.

A hora da sessão de jogo era sagrada, passa logo tempo! E lá íamos desembestados para a casa do colega jogar aquele tal de RPG. Coca-cola, biscoito, dados, desenhos atrás das fichas. Tudo era novidade.

Com o passar do tempo, aprendemos novos jogos e formas de jogar, conhecemos gente nova, vamos ficando velhos. Aí tem faculdade, emprego, namoro e aquelas reuniões vespertinas vão se tornando raridade e ficando na memória.

Lembro-me do começo do clube quando tudo isso que eu falei se fazia acontecer, daí o final de semana chegava e podíamos ver a turma reunida na escola. Hoje esta turma cresceu cada um tem os seus afazeres e de vez em quando, a gente se vê. É a vida.




Primeiro caderno do clube!
O que é certo mesmo é que não se joga mais RPG como se fazia antigamente. Notebooks, celulares de última geração, rádios portáteis, “O XP está na comunidade!”. É essa a nova realidade. Por fazer parte da cultura que está em constante transformação o RPG também mudou. Não pra melhor, muito menos para pior, mas hoje as coisas são bem diferentes se comparadas ao tempo em que começamos a jogar.

Dentre as principais diferenças debatemos alguns pontos fundamentais...


Imersão
Antes o que mais valia era uma boa narrativa, hoje, além disso, os narradores podem contar com recursos tecnológicos que lhes possibilitam trabalhar praticamente os 5 sentidos dos jogadores. Perdeu-se um pouco da imaginação, mas o jogo ganhou mais precisão e um aspecto mais cinematográfico.




Apego pelo Personagem

Quando começamos a jogar, fazer um personagem era o maior barato. Depois de 300 pcs criados a coisa fica meio enfadonha e tendemos a não se importar muito com eles que se tornam descartáveis. Perde-se o apego e se ganha experiência.


Jogadas de dados

Os dados virtuais já estão presentes em muitas mesas de RPG, assim como sistemas que geram resultados automáticos dependendo da sua ficha. Não vou ser hipócrita, mas ninguém na mesa era a favor da ideia desses aparatos. Jogar RPG é jogar dados, tirar isso de um RPGista é como tirar a bola de um jogador de futebol.

Acesso à informação

Tinha que escrever muito!
É muito mais fácil conseguir livros e informação sobre o nosso jogo hoje do que há 10 anos. Por um lado isso é muito bom, pois com o advento da internet a informação ficou mais democrática, mas a espera por novos lançamentos nas bancas, as idas aos sebos e a imaginação fértil que tentava cobrir as brechas do sistema que só eram encontradas em outros livros se perderam.

 A tecnologia mudou a forma de como se jogava RPG, mas se isto não ocorresse talvez o nosso hobby fosse hoje ainda mais “seleto” do que já é. Unir o tradicional RPG e usar os recursos que este século nos oferece na medida certa é o melhor que temos a fazer!




Como você joga RPG?

4 comentários :

  1. Concordamos principalmente que muito do apego pelo personagem foi perdido, antes tínhamos o maior cuidado em criar personagens depois de um tempo, vamos relaxando. Eu mesmo não escrevo mais como escrevia antigamente, as coisas realmente mudam.

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  2. Parabéns pelo post, muito bom mesmo, ao invés do tempo me fazer perder o contato com o pj, ele me fez amadurecer a ideia de um bom pj e como o back é importante e segui-lo faz muito bem para a interpretação e para o jogo, porém muitos narradores acabam matando o beck pois o que importa é contar sua historia. O que eu faço nas minhas mesas é adaptar o beck dos pjs a minha historia evitando os metajogos que acabam em grandes offadas.

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  3. Faz sentido Robert. Alguns jogadores aprendem com o tempo que um bom background é importante para o bem do jogo e para o desenvolvimento do personagem. O que acontece é que muitos, até sem se dar conta, acabam esquecendo disso e partindo logo para a ação já que são "experientes o bastante" para interpretar pjs sem um background... Assim muita coisa se perde...

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  4. muito bom esse post me senti contemplado com ele heheh e galera do clube estou ansioso para conhecer vocês pessoalmente e jogar uma partida de RPG

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